Estava lendo no blog Manual Hippie e Chique da Maternidade Consciente e amei com todas a forças esse texto. 

 

Eu me esforço pra tentar fazer o melhor para o Cadu, em relação a alimentação saudável e acho que tenho conseguido.

     

     Mesmo não tendo o amamentado como eu queria e idealizava, mesmo que ele      esteja tomando fórmula, eu não quero que meu filho coma comidas                 

     industrializadas. 

      

    Eu vou pra cozinha todos os dias e preparo suas refeições, janta e almoço, com       muito prazer. Espero que ele cresça seguindo a alimentação saudável que               proporciono pra ele agora ainda bebê.

 

     E aí com vocês, como é a alimentação dos pequenos?

 

     Segue o texto abaixo:

 

 

 

Por volta dos 5 ou 6 meses o seu bebê vai estar pronto para começar a comer sólidos, ou melhor, papinha. E com isso uma nova dimensão da maternidade vai se abrir. Afinal, alimentar os filhotes vai ser aquilo que mais vai tomar o seu tempo, dinheiro e gerar preocupação pelo resto da vida. A questão é: vale à pena investir nas papinhas processadas, prontas e rápidas?

 

Não existe nada nesse mundo que me convença que uma banana amassada com água, farinha e preservativo (acido cítrico) em um pote que chega a ter um ano de validade, supere o valor nutricional de uma banana tirada do cacho. Banana que pode ser servida amassada com aveia, cozida com uma pitada de canela ou até mesmo entregue intacta às mãozinhas ávidas por ação, texturas e meleca.

 

O único argumento a favor das papinhas Nestlé – líder absoluta no mercado brasileiro e mundial, não tem porque não dar nome e sobrenome ao produto de que estamos falando – é a conveniência. Não se descasca nada, não se suja panela e não se esbarra na falta de criatividade culinária, é só pegar um dos potinhos denominados “strogonofinho com arroz”, “espaguetinho a bolonhesa”, eca, ou simplesmente “banana com aveia” ou “maracujá” e está tudo resolvido.

 

Não vou condenar quem recorre a essa conveniência em situações de emergência, mas até ai existem alternativas mais saudáveis. O problema é quando a emergência se torna algo corriqueiro, ai nenhum bebê merece.

 

Como diz o pediatra americano Dr. Greene (ver referência de livros interessantes): “O paladar e o metabolismo de uma criança, ao longo prazo, são influenciados por aquilo que ela coloca na boca na primeira infância, aliás, na barriga da mãe para ser mais preciso. As escolhas que você faz para o seu filho nessa fase vão ser as escolhas que ele vai fazer no futuro. Nesse momento crítico do desenvolvimento, não faz sentido substituir um alimento integral e nutritivo, por outro alterado, com altas concentrações de carboidrato. Para o metabolismo de um bebê não é diferente do que lhe dar uma colher cheia de açúcar.” Dr. Greene é um dos pediatras que encabeçam as campanhas contra a obesidade e diabetes infantil nos EUA. (http://www.drgreene.com/)

 

Mais algumas razões para deixar as papinhas Nestlé nas prateleiras dos supermercados e o que os comerciais não falam:

 

Bisphenol A (BPA): Esse componente encontrado em plásticos e que causa alterações endócrinas e câncer, também é usado no lacre das tampas dos potinhos de papinha infantil, incrível não?

 

Espessantes: As papinhas prontas são compostas em quase 50% por água e espessantes, que são farinhas ou outro carboidrato natural (carragena, goma guar, arábica, xantana e jataí) que serve para dar maior consistência e também servem como estabilizantes.  Apesar de teoricamente não fazer mal ao seu bebê – lembre-se das sabias palavras do Dr. Greene – o valor da papinha pronta é 50% inferior a mesma quantidade do mesmo alimento integral.

 

Ácido cítrico: O principal preservativo encontrado em papinhas parece inofensivo, já que e um dos principais componentes de um limão. No entanto, o acido cítrico também é usado na formulação de produtos desengordurastes como detergentes e outros diversos limpadores devido a sua ação abrasiva. Um estudo alemão recente associa o ácido cítrico a irritações estomacais e maior incidência de cáries em crianças e adolescentes já que seria um dos principais responsáveis pela corrosão do esmalte dos dentes.  O ácido cítrico é indiscriminadamente adicionado a todo tipo de balas, refrigerantes, sucos artificiais, molhos entre outros produtos alimentícios com alto apelo infantil. Quer dizer, não precisa introduzir um bebezinho a isso nas primeiras refeições de sua vida.

 

Diversidade: É só ler os rótulos das papinhas Nestlé para ver que todos os potinhos contêm pequenas variações da mesma coisa. Um bebê precisa de cores, texturas e nutrição verdadeira, só assim ele vai ser uma criança saudável.

 

Higiene: Já ouvi o argumento de que as papinhas processadas são mais higiênicas, hahaha, por quê? Feitas por grandes máquinas que são diariamente lavadas com produtos químicos que deixam resíduos (o caso do toddynho com soda cáustica). Onde uma maça podre com certeza pode escapar ao crivo de seleção. Ah, o amor é um ingrediente indispensável em qualquer prato, principalmente no de uma criança.  

 

Custo: Ainda bem que no Brasil, 120 gramas de papinha Nestlé é mais cara do que 120 gramas de qualquer fruta, verdura ou legume fresco.

 



O mercado brasileiro de papinhas

 

Recentemente, na fila de um supermercado, notei uma mulher bem vestida, unhas e cabelos bem feitos com o carrinho cheio de papinhas Nestlé. O meu primeiro pensamento foi tadinho desse bebê. Depois fiquei pensando o que levaria uma mãe a cometer tamanha injustiça com um pequeno ser sem escolha. Falta de amor com certeza não é, mas falta de tempo sim, ou será de informação?

 

Outro fato que tenho observado é que quem compra papinha no Brasil é a classe média, média alta. Mães que trabalham fora ou tem pouco tempo para se dedicar as refeições dos filhos, mas tem dinheiro. Já que ninguém gastaria R$3,90 por 120g de papinha de maçã, se com o mesmo valor compra-se o quilo de maçãs fresquinhas. A impressão que se tem é de que consumir papinha Nestlé é símbolo de status.

 

Nos EUA, e a cultura da conveniência faz com que 58% dos pais alimentem os filhos exclusivamente com papinhas processadas, segundo uma pesquisa da revista “Parents” realizada em 2008. E esse consumo está destinado às classes de baixa renda, sendo que os potinhos também são distribuídos gratuitamente pelo governo através dos “food stamps”. O potinho lá custa cerca de R$1,00 (U$0,60) enquanto o quilo de maçã R$6,70 (U$3,99). Infelizmente, essa inversão de valores é irreparável quando se fala em saúde. Os EUA vivem uma “epidemia” de obesidade e diabetes infantil alarmante. E é só ir ligando os potinhos para se chegar ai. Já a classe alta e mais bem informada opta por alimentos orgânicos e in natura.

 

Ainda bem que o consumo de papinhas processadas no Brasil ainda está longe de chegar aos níveis de outros países. A média aqui é de 12 potes até os 12 meses de idade, mas infelizmente esse número vem aumentando. Nos EUA são de 600 potes e na Europa são de 240. O fim da picada é que os analistas de mercado consideram esse fato como um dado de país subdesenvolvido (sem grana para consumir). Eu analiso como riqueza de bom senso e de frutas e verduras frescas. E nesse quesito o nosso governo tem feito um bom trabalho. Em 2007, baniu a propaganda de papinhas processadas na TV. E procura incentivar o aleitamento materno até os 2 anos de idade. O site da Nestlé diz 6 meses bem grandão na sua homepage e ai pequenininho no cantinho diz que o governo incentiva o aleitamento materno até os 6 meses ou mais. Para uma empresa como a Nestlé esse “mais” é algo muito perigoso para os lucros da empresa.  


 

Aliás, em um relatório sobre a alimentação dos bebês no Brasil entre 2010 e 2011, feito pela “Euromonitor International”, uma empresa de análise de mercado, aponta esses dois fatores como empecilhos ao crescimento do mercado interno e algo a ser combatido. Será mesmo que essas empresas querem o melhor para a sua família?

 

Ufa, espero ter te convencido. Para as mamães espertas que não precisavam de convencimento, já que o instinto fala mais alto, espero ter fornecido alguns bons argumentos para não cair na cilada das propagandas fresquinhas e no ponto.

Vou continuar repetindo, “in natura” e sempre melhor para você e para o seu bebê. 

 

A recompensa é que filho nenhum esquece a comida da mamãe. Portanto, se você quiser ser inesquecível, trate de deixar os potinhos de comida pronta, tão conveniente, nas prateleiras dos supermercados.  

 

Observação: Segundo uma pesquisa do IBGE, 40% dos brasileiros estão acima do peso e 10% são obesos. De acordo com a Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (SBEM), 15% das crianças no Brasil são obesas. Essas estatísticas assustam e são o reflexo dos hábitos alimentares da nossa sociedade que vem se alterando drasticamente com o aumento do consumo de processados e do “fast food”.

 

Alguns ingredientes da papinhas Nestlé (120 gramas):

 

Manga com pêra: MANGA, ÁGUA, PÊRA, MAÇÃ, MAMÃO, AMIDO, FARINHA DE ARROZ, VITAMINA C E ACIDULANTE ÁCIDO CÍTRICO. NÃO CONTÉM GLÚTEN.

 

Banana com aveia: ÁGUA, BANANA, SUCO DE MAÇÃ, FARINHA DE AVEIA, AMIDO, VITAMINA C E ACIDULANTE ÁCIDO CÍTRICO. CONTÉM GLÚTEN

 

Strogonofinho com arroz: ÁGUA, BATATA, LEITE EM PÓ, POLPA DE TOMATE, CEBOLA, CARNE, ARROZ, AMIDO, FARINHA DE ARROZ, ÓLEO DE CANOLA, SAL COM TEOR REDUZIDO DE SÓDIO, ÓLEO DE MILHO, ALHO E LACTATO FERROSO. NÃO CONTÉM GLÚTEN.

 

Frango com legumes: BATATA, PEITO DE FRANGO, CENOURA, ÁGUA, FRANGO, POLPA DE ABÓBORA, CEBOLA, CHUCHU, AMIDO, ÓLEO DE CANOLA, ÓLEO DE MILHO, FARINHA DE ARROZ, SAL E ANTIOXIDANTE ÁCIDO ASCÓRBICO. NÃO CONTÉM GLÚTEN.